sábado, 4 de abril de 2009

Por: Bina

:::O Deus em mim:::

Eu acredito em Deus. Mas não sei se o Deus em que acredito é o mesmo Deus em que acredita a balconista, o gari, o chefe. O Deus em que acredito não é globalizado. O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém. É uma idéia, uma energia, uma intuição. Não tem um rosto, portanto, não usa barba. Não anda, portanto não carrega um cajado. Não está cansado. O Deus que me acompanha não é bíblico. Não se deixa resumir em 10 mandamentos, umas parábolas e um pensamento que não se renova. O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade. O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme às armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos. Não distribui culpas por aí: as minhas são umas, as dos vizinhos são outras e nossa penitência é a reflexão. Ave-marias, Pais Nossos, isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo. Para o Deus em que eu acredito só vale o que se está sentindo. O Deus em que acredito não condena o prazer. Se ele não tem controle sobre enchentes, violência, se não tem controle sobre a miséria, crianças na rua, câncer e todas nossas mágoas, então que Deus seria esse se ainda por cima condenasse o que ainda nos resta: o lúdico, o sensorial, a libído que nasce com toda criança e se desenvolve livre, se assim o permitirem? O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha. Não me abandona mas me exige um pouco mais do que uma visita à Igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz. A cruz pesa onde te que pesar: dentro. É onde tudo acontece e se resolve. Este é o Deus que me acompanha. Um Deus simples. Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê-tudo. Meu Deus é discreto e otimista. Não se esconde, pelo contrário, aparece principalmente nas horas boas pra incentivar, pra me fazer sentir quanto vale um pequeno momento grandioso: um abraço numa amiga, uma música na hora certa, um silêncio...é onipresente mas não onipotente. Meu Deus é humilde. Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri. Quem não te sorri não é cúmplice.
E que Deus te abençoe.

Um comentário:

  1. " A grandeza da liberdade, a verdadeira liberdade, a dignidade, a sua beleza, está em nós mesmos quando a ordem é completa. E essa ordem só vem quando somos uma luz para nós mesmos."


    Seu Deus está dentro de vc =)

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